sábado, agosto 31, 2013

À luz de uma candeia

                                          Lisboa, Abril de 2009, por João De
















À luz de uma candeia leio Bocage
'spreguiço-me lânguido e sem vontade
Mata a sede à mísera Saudade
E a minha mão ao meu pensar reage

'screvo palavras pensando em Florbela
Sussurro o meu viver neste papel
Suspiro vendo um mundo tão cruel
Pintado como simples aguarela

Li Camões, li Antero e li-me a mim
Vi apenas vidas num frenesim
Caminhando em seu Fado sem a Sorte

Tentei iluminar as coisas belas
Cuidei que fossem todas Cinderelas
Cessaram todas juntas: com a Morte.

João De - 199 e qualquer coisa

sexta-feira, abril 27, 2012

Phoenix reversus


Hoje morro. Morri.
Tantas vezes que padeço,
E outras tantas padeci.

Eu morro de mim em mim.
Mas trago ressurreição daquele que fui.

Sou-me outra vez, imutável
Réplica exacta do que fui e sou.

Assim, morrerei de novo, p'ra de novo renascer.

Não me quero em fogo e cinza,
Basta-me ser folha.
Basta.

João De - Abril de 2012

quarta-feira, abril 25, 2012

Bordadeira

                                                       Alfarim - por João De


Nesta praia entreaberta pelo Mar
P’la espuma, pelo ar e pela areia
Penso sempre naquela bordadeira
De Sentir, de Sonhar e de Amar

Agulha de Vento e linha de Bruma
No meu coração tece sem rodeios
Suspiros e ais e tantos enleios
Trapos e afins e cousa Nenhuma

Bordadeira faz, neste Mar que é meu,
Trabalhos, Paixões, lendas improváveis
De quem Ardores tem no coração seu

Não fala nem geme, trabalha no Breu
Suspira, alenta histórias inarráveis...
Espelha-se no Mar e vejo-me: Eu!


João De (Praia da Morena – C.C. 9 de Abril 2012)

domingo, março 25, 2012

Saevium

                          Praia do Pessegueiro, Agosto 2010, por João De

Não sei se posso ainda dar-te um beijo.
Se puder, não o aceites!
Contém latente o amor...

João De

quarta-feira, novembro 02, 2011

Recordo

Alfarim, por João De
















Recordo, na memória alinhavada,
Teu corpo, teu olhar, o teu encanto,
Carícias sem projecto e no entanto,
Perfeitas de beleza tresloucada.

Na praia, o mar revolto transparece,
O sol em luz e sangue se transforma,
A areia compadece e se conforma,
Enquanto no teu corpo o meu padece.

Meu amor! Os dois corpos, lado a lado
Enlaçam, entrelaçam, beijam, só
Lembrando um renascer de um novo fado.

No íntimo dos dois sabemos nós,
(triste encanto que me seduz sem dó)
Linhas com nós... sem nó... apenas sós

João De

sexta-feira, setembro 04, 2009

Na sombra de um canto

Cabo Verde, Ilha do Sal - Dezembro de 2008, por João De

Na sombra de um canto
Que em meu quarto espera
Jaz o meu olhar
Jaz e não se altera

Faço-me de um pranto
Faço-te de mim
Quero-te num espanto
Num beijo carmim

Sopro que embebi
Minh’alma inquieta
Minh’alma estendi
E ficou aberta

Aberta num canto
Num quarto que é meu
Jaz o meu olhar
Meu olhar... no teu...
 
João De

domingo, agosto 30, 2009

Por entre os dedos


Grillon, França - Julho de 2008, por João De

Guardo-me num relógio de espuma
Por entre as horas que não fui...

O tic-tac passou...

E eu...?
 
João De